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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

João Roberto Ripper, o gênio da fotografia documentarista

Foto que serviu para ajudar na CPI Mista do Mato Grosso do Sul


O fotógrafo documentarista, João Roberto Ripper, em sua palestra, em setembro deste ano, na Faculdade Pinheiro Guimarães no Rio de Janeiro, apresentou alguns trabalhos que fez para ONGs, jornais e revistas, muito deles, premiados.

Em 1972, Ripper ingressou na carreira de repórter-fotográfico na Luta Democrática, do controvertido político Tenório Cavalcanti. Depois começou a trabalhar no Diário de Notícias, na Última Hora, na sucursal carioca do Estadão e no Globo, fez muitos trabalhos, como freelancer, para vários outros jornais e revistas. Mas tarde deixou O Globo e foi participar da criação da Agência F4. Quando deixou esta empresa, criou o “Projeto Imagens” da Terra, em que direciona seu olhar para a vida dos trabalhadores rurais. Esta experiência deu início a uma carreira independente. Criou a “Imagens Humanas”, trabalho atual e que dá continuidade à sua trajetória na busca (de pôr a fotografia a serviço dos direitos humanos).

João Roberto Ripper é um fotógrafo documentarista, humanista que divulga, com imagens realísticas, as dificuldades, os anseios, a luta e também as boas iniciativas da população carente, desamparada pelas autoridades políticas, descriminalizadas pelas classes: média e alta e, na maioria das vezes, esquecidas também pelas grandes coberturas jornalísticas.

Dedicado ao trabalho de documentar as regiões mais críticas do Brasil, o trabalho do fotógrafo, registrado através de sua câmera -sem estereótipos- como ele mesmo descreve, nos emociona e nos faz refletir sobre a realidade social do país.

Indagado sobre o motivo da maioria de suas fotografias serem em preto e branco, o fotografo diz: ”A foto preto e branco tem a mesma magia do rádio: cada um pode colorir como quiser”. E, ele tem razão, pois, sua fotografia nos leva a outros lugares, nos aproxima daquelas pessoas que, por vários motivos, foram esquecidas em diversos locais do imenso Brasil.

No decorrer de sua palestra, quando cita os momentos em que esteve próximo dos seus reais personagens, dá para sentir a sensibilidade e a dedicação deste profissional.

Ripper explica que para termos uma boa fotografia é necessário viver o cotidiano dos personagens e esperar o momento certo para fotografar.

Durante sua apresentação, João Roberto Ripper transmite emoção através de cada imagem. Parece difícil aceitar uma realidade tão dura em nosso próprio país. Ao mesmo tempo em que vemos imagens de pessoas tão sofridas, o fotógrafo deixa transparecer que se trata de pessoas comuns, que lutam por um mundo mais justo.

No final de 2009, o fotógrafo documentarista lançou o livro "Imagens Humanas" e reuniu as melhores fotografias de um trabalho que já se estende por mais de trinta anos.

O fotógrafo conta que para ser bem aceito nos lugares que vamos documentar, o segredo é não ser notado e avisar que estamos a trabalho. E acrescenta a importância de sempre darmos um retorno, ou seja, após o trabalho feito, mostrá-lo ás pessoas que dele participaram. Outra dica que nos dá o fotógrafo Ripper é sempre interagir com as pessoas que nos interessam, pois, a partir daí, surgirá uma história fantástica e haverá mais credibilidade. Complementa sobre a importância de se fazer um diário de viagem. João Roberto Ripper deixa transparecer o orgulho do seu belíssimo trabalho ao repassar suas experiências.


Cida Alves.


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